O impacto das falhas na gestão de resíduos urbanos no Brasil
A gestão inadequada de resíduos ocorre quando o processo de coleta, transporte, tratamento e descarte de resíduos não segue práticas eficientes e sustentáveis. Isso inclui a falta de reciclagem, o descarte em locais inapropriados, como aterros sanitários e lixões, e a ausência de tratamento adequado para resíduos tóxicos.
A gestão inadequada de resíduos urbanos no Brasil representa um problema crítico que resulta em elevados custos econômicos e sérios impactos ambientais e de saúde pública. Em 2020, o país destinou apenas 4% dos resíduos para a reciclagem, sendo outros 96% restantes descartados de forma inadequada.
Se não forem adotadas práticas mais eficientes, o volume de lixo pode aumentar quase 80% até 2050, elevando ainda mais os custos e agravando os problemas associados.
“Vai chegar uma hora que não vai mais ter lugar para enterrar lixo. A questão básica é seguir o que propõe a PNRS. Ou seja, entender que resíduos são uma fonte de recurso. Antes de optar pela destinação final em aterro, você teria que esgotar as possibilidades de recuperar os recursos presentes, sejam materiais ou energéticos,” – destaca o professor José Carlos Mierzwa, da USP.
Entender que resíduos podem se tornar resíduos valiosos anda de mãos dadas com o conceito de economia circular, que promove a reutilização e a reciclagem contínua dos materiais, mantendo-os no ciclo econômico por mais tempo e reduzindo a necessidade de novos recursos naturais.
O custo econômico das falhas na gestão de resíduos
Os custos econômicos associados às falhas na gestão de resíduos urbanos são significativos. Atualmente, o Brasil gasta aproximadamente R$ 120,6 bilhões com o fluxo de resíduos no país. Além disso, a tributação vigente favorece o uso de matérias-primas virgens em vez de recicladas, o que desincentiva a reciclagem e aumenta os custos de produção e descarte.
Esses custos são gerados não apenas por falhas na gestão de resíduos, mas também pela necessidade de empregar recursos substanciais para mitigar os impactos na biodiversidade e na saúde humana, diretamente afetadas pela poluição e pela contaminação do solo e da água.
Projeções futuras
As projeções para os próximos anos infelizmente não são reconfortantes. Estima-se que até 2050 pode haver mais plásticos do que peixes nos oceanos. Se a gestão de resíduos continuar no ritmo atual, além das crises climáticas iminentes, o Brasil poderá enfrentar um aumento exponencial nos custos associados. Estima-se que o volume de resíduos sólidos poderá chegar a 3,8 bilhões de toneladas até 2050, resultando em um custo total de R$ 168,4 bilhões.
Isso evidencia que sem uma ação decisiva, o impacto ambiental será aniquilador, potencializando ainda mais a crise dos resíduos e tornando ainda mais difícil a reversão dos danos já causados.
Um cenário otimista
Apesar dos desafios, há esperança. O Brasil já conseguiu reciclar 98,7% das latas de alumínio, demonstrando que é possível alcançar altos índices de reciclagem. Este sucesso pode servir de modelo para a reciclagem de outros materiais, como o plástico, que representa uma grande parte dos resíduos gerados.
Adotar e ampliar a reciclagem é crucial para amenizar os danos ambientais e promover um ciclo sustentável de manejo de resíduos. Ao seguir exemplos de sucesso e investir em tecnologias de reciclagem e recuperação de recursos, o Brasil pode não apenas reduzir os custos econômicos e ambientais, mas também criar um futuro mais sustentável.
Conclusão
A gestão inadequada de resíduos urbanos no Brasil não só resulta em elevados custos econômicos, mas também acarreta sérios impactos ambientais e de saúde pública. Alinhar-se com as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU pode ajudar a criar um futuro mais sustentável, onde os resíduos são vistos como recursos valiosos, reduzindo a pressão sobre os aterros e minimizando os danos ao meio ambiente.